A OERN juntou, em Vila Real, especialistas para discutir soluções realistas de gestão da água em situações de escassez.
Decorreu, no passado dia 3 março, no Museu da Vila Velha de Vila Real, a sessão pública "Escassez de Água em Portugal: Soluções e Ilusões". A abertura da sessão esteve a cargo de José Carlos Pinto, Delegado Distrital de Vila Real que relembrou que “apesar de este ser um tema com alguma antiguidade é lembrado e discutido em períodos de maior escassez”.
Joaquim Poças Martins, Presidente da OERN e moderador desta sessão deixou claro que “temos de ter rotinas/soluções para combater estas situações (secas). Dentro das soluções há as tradicionais, poupança e eficiência e há soluções emergentes, e já a funcionar, como a reutilização e a dessalinização que dentro de poucos anos estarão connosco”.
Rui Santos, Presidente da Câmara de Vila Real, afirmou que “é necessário encontrar soluções que não deixem rigorosamente ninguém para trás”, sendo necessário “adaptar as soluções à realidade de cada região”. Para além disso mencionou também que, no que diz respeito aos municípios é necessária uma “diminuição drástica de perdas de água". Emídio Gomes, Reitor da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, lembrou que “o total da água no universo é uma constante” e portanto “o nosso desafio é olhar para este equilíbrio global e perceber como estes equilíbrios vão mudando ao longo dos anos”.
Pimenta Machado, Vice-presidente da APA, começou por referir que “Portugal nunca esteve tão bem preparado para enfrentar uma situação de seca”. Durante a sua apresentação referiu algumas soluções, como a "primeira grande central de dessalinização" que está projetada para o Algarve, a "reutilização de águas residuais, para já, para usos não potáveis", a "construção de algumas novas barragens e a limpeza das atuais" e uma "maior eficiência do uso da água na agricultura".
António Carmona Rodrigues, Professor da UNL e deputado municipal de Chaves, relembrou que “as secas são só uma das razões pelas quais podemos estar em situação de escassez de água” e, normalmente, existem três fatores que podem contribuem para esta escassez, “a redução da oferta, o aumento da procura ou problemas de gestão”. Mencionou também que “este é tempo de atualizar toda esta informação hoje existente, vertendo-a também naquilo que do ponto de vista de gestão deve ser feito”.
Vicente Sousa, Professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro no departamento de agronómica, mencionou que efetivamente “no mundo e em Portugal realmente a agricultura é o maior consumidor de água” mas, não podemos esquecer que “a agricultura consome cerca de 70% de água para produzir alimentos”, sendo que aquilo que é necessário “é fazer investimentos em sistemas de rega mais eficientes”. Já Armando Silva Afonso, Presidente da Ordem dos Engenheiros Região Centro, focou-se um pouco mais no setor urbano referindo que na sua opinião “não temos uma eficiência hídrica nas utilizações” assim, é essencial “criar um referencial de auditorias de eficiência hídrica em edifícios”.
Francisco Ferreira, Presidente da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, durante a sua intervenção referiu que “temos de encarar a seca em questões de frequência, de duração dos períodos e da sua violência” e portanto “temos de fazer uma gestão efetiva da procura”. Manuel Moras, engenheiro civil com formação e carreira na área de hidráulica, mencionou que “teremos de repensar os sistemas, exigir aos sistemas uma utilização racional da água” ou seja “não precisamos de mais água, precisamos é de gastá-la melhor”.
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