Fernando Ferreira, diretor de Águas Pluviais e Ambiente, na Empresa Águas de Gaia, EMSA
“Todos concordamos que a água é um bem indispensável, sem o qual não poderíamos sobreviver. E só faz sentido o fornecimento de água às populações se for assegurada a sua qualidade, quer seja numa situação de normalidade quer nesta situação de pandemia em que vivemos.” As palavras são de Fernando Ferreira, engenheiro e diretor de Águas Pluviais e Ambiente, na Empresa Águas de Gaia, EMSA.
O município de Vila Nova de Gaia é o terceiro município do país com maior número de habitantes, cerca de 300.000, apenas superado por Lisboa e Sintra. Acresce ainda uma afluência significativa de pessoas que procuram o concelho para trabalhar e visitar. Por isso mesmo Fernando Ferreira começa esta entrevista por nos lembrar que “a atividade da Empresa Águas de Gaia só pode ser bem compreendida no contexto da dimensão do concelho em que se insere e na riqueza da diversidade, onde uma área com características fortemente urbanas se cruza com outra onde predominam alguns traços de uma ruralidade interessante. Neste pressuposto procuramos conhecer o trabalho desenvolvido por engenheiros e outros profissionais que nos confirmam que a água que consumimos é segura. Sendo Vila Nova de Gaia o terceiro maior município do país em número de habitantes, como a vossa atividade se modificou com a presença do vírus? Cumprir a missão da Empresa Águas de Gaia, de garantir continuamente a distribuição de água de máxima qualidade aos Gaienses e a todos quantos nos visitam, de proceder à drenagem das correspondentes águas residuais e o seu encaminhamento para tratamento e a gestão do sistema municipal de resíduos urbanos, bem como garantir a gestão da rede de águas residuais pluviais e a limpeza e requalificação das ribeiras do concelho e participar ativamente na gestão e manutenção das zonas balneares da Orla Marítima, com 15 km de praias com Bandeira Azul, e das áreas de lazer da frente fluvial do Rio Douro com uma extensão superior a 20 km é, num contexto de normalidade, um desafio permanente que assumimos com grande determinação e rigor, apoiados por um quadro de pessoal onde técnicos, operários e pessoal administrativo constituem uma verdadeira equipa ao serviço da nossa população. A nossa forma de estar e de ser foram determinantes na abordagem realizada perante a gigantesca adversidade da Pandemia COVID-19, que afeta o país e o nosso concelho, em particular. Cedo concentramos todos os nossos esforços na elaboração de um Plano de Contingência que garantisse o cumprimento integral da nossa responsabilidade como Empresa, de forma a garantir a normalidade na distribuição de água de qualidade, a drenagem de águas residuais, o funcionamento regular do sistema de drenagem de águas pluviais e do sistema de gestão de resíduos urbanos e de limpeza e higienização dos espaços públicos, Sob o lema “Juntos Vamos Vencer” , definimos equipas para manter a operacionalidade nos vários setores, criámos condições para garantir o recurso a teletrabalho, reforçámos a nossa capacidade no atendimento dos nossos clientes com recurso a ferramentas digitais, garantimos equipas de recurso em isolamento social para fazer face a eventual contaminação de alguns colaboradores, etc. O desafio é enorme, mas a determinação também e, por isso, uma mensagem de esperança “Juntos Vamos Vencer”, pelos Gaienses, por Portugal! Podemos estar seguros de que a água que bebemos da torneira e é segura para consumo? Sim. Águas de Gaia é uma empresa certificada, desde 2001 em Qualidade e Ambiente e desde 2003 em Segurança, que garante a disponibilidade e a qualidade da água segura em todo o concelho e o cumprimento das obrigações de conformidade decorrentes da legislação aplicável, regulamentação e normalização (NP EN ISO 9001, NP EN ISO 14001 e OHSAS), consciente das suas responsabilidades na gestão de recursos, melhoria contínua, diminuição dos impactos das suas atividades sobre o meio ambiente e no controlo dos riscos e perigos que podem afetar as pessoas envolvidas nos processos, Águas de Gaia adquire a água com a qualidade para consumo humano a AdDP- Águas do Douro e Paiva, SA, entidade gestora do sistema multimunicipal de abastecimento de água em alta ao Grande Porto, e distribui água para consumo humano à população de Vila Nova de Gaia, mantendo:- um Programa de Controlo de Qualidade da Água (PCQA) para consumo humano com recolhas de amostras de água para análises a diferentes parâmetros microbiológicos, físico-químicos e radiológicos nas redes prediais, correspondentes às torneiras dos consumidores, aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), e
- um Plano de Controlo Operacional da Água (PCOA) de avaliação da água na rede pública, com a realização de recolhas de amostras de água, em caixas de controlo de qualidade da água na rede pública, distribuídas pelas diferentes freguesias do concelho, representativas da água armazenada nos reservatórios constituintes do sistema de água em baixa de Vila Nova de Gaia, sendo analisados os parâmetros constantes do PCQA.
Na fase de contenção alargada de epidemia do COVID-19 definida pela DGS, Águas de Gaia cumpre o Plano de Contingência da Empresa, segue as recomendações emitidas pela Autoridade Nacional de Saúde e pelas autoridades de saúde regionais ou locais, gerindo caso a caso os planos de amostragem previstos no PCQA aprovado.1. encerrados os correspondentes a estabelecimentos de ensino;
2. com acessibilidade condicionada, os estabelecimentos HORECA, indústrias e cantinas;
3. assinalados pela AS como críticos e a evitar, os centros de idosos, hospitais e unidades de saúde,
sendo controlados os pontos de amostragem correspondentes a estabelecimentos e instalações que se encontram abertos e cujos proprietários permitem as colheitas de amostras de água. Relativamente ao controlo operacional, tendo sido aumentado o número de análises.Quais os cuidados que os técnicos estão a ter na recolha? E os equipamentos, existe alguma alteração na sua manutenção? A realização das recolhas de água é efetuada por Técnicos de Recolha da empresa, certificados para a colheita de amostras de água, avaliados pela RELACRE - Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal. O procedimento de recolha é realizado em conformidade com as Instruções de Trabalho e Procedimentos Operacionais de Controlo da Qualidade da Água, que transcrevem o estipulado na legislação aplicável, nas orientações da ERSAR e nas Normas de Qualidade, Ambiente e Segurança. As recolhas são enviadas para controlo analítico a Laboratórios externos, acreditados. Os técnicos utilizam equipamentos de proteção individual, luvas descartáveis e bata/fato, tendo sido introduzidas novas regras, após implementação do Plano de Contingência COVID-19:No atual cenário de emergência (fase de mitigação), quando estão identificadas situações de transmissão comunitária que colocam em risco a saúde dos técnicos de colheita de amostras, as entidades gestoras, sob orientação da ERSAR e conhecimento da AS, e em articulação com o laboratório, podem adiar controlos de rotina, comprometendo a distribuição equitativa no tempo, mas reforçando a monitorização operacional em pontos de controlo na rede de distribuição.
- A entrada dos Técnicos no interior de uma instalação ou estabelecimento respeita a limitação de pessoas no interior do espaço e a distância social em torno de si com material afeto;
- Higienização das malas dos equipamentos de medição in loco antes e depois da entrada nas instalações e das locais onde tocam no interior e exterior da viatura de apoio ao CQA, sempre que iniciam e que terminam o dia de trabalho;
- Utilização de máscara de proteção individual, sempre que aplicável;
Em termos de recursos humanos afetos, o trabalho de recolha é efetuado por 1 Técnico com 1 viatura, durante um período de 15 dias, sendo posteriormente substituído durante 15 dias, em que ficará em teletrabalho.Há engenheiros no ativo neste momento no controlo da água? De que especialidades? Sim, temos vários engenheiros em exercício de funções no terreno e outros que se encontram em teletrabalho, tanto na área de gestão operacional das várias áreas de atividade da Empresa como no controlo de qualidade da água de abastecimento. Na globalidade, contamos com engenheiros civis, de ambiente, informáticos, eletrotécnicos e mecânicos. Cada um dedicado à sua área mais específica, mas constituindo um todo em que a responsabilidade pelo produto que chega a nossas casas depende de todos.a Engenharia portuguesa já tem dado provas de estar à altura de grandes desafios. E este tem sido reconhecido como um dos maiores desafios da era moderna, em que os engenheiros das várias especialidades terão de estar na linha da frente. E o nosso contributo é indispensável para ultrapassar as dificuldades garantindo o fornecimento de água de qualidade, condições de salubridade, fiabilidade dos sistemas de informação, etc. e, para isso, precisamos dos Engenheiros Civis, do Ambiente, Informáticos, Eletrotécnicos e de outras especialidades do domínio da Engenharia e também de outras áreas da Ciência.