Um Engenheiro em construção, um líder nato e andebolista campeão: João Areias, Membro da Ordem dos Engenheiros da Região Norte, é um dos jovens que mais se destaca no desporto universitário, conquista que conciliou com um Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Em entrevista exclusiva à OERN deu a conhecer o percurso que o levou à Engenharia, a forma como conjugou o ensino e o desporto e as skills necessárias para se ser excelente tanto dentro como fora de campo.

Nome: João Areias
Idade: 23 anos
Formação: Mestre em Engenharia Eletrotécnica e Computadores
Instituição de ensino: FEUP
Função atual: Recém-Graduado
És estudante do segundo ano do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na FEUP. Qual foi o caminho que te levou a escolher a Engenharia, em especial a Eletrotécnica e de Computadores, para futuro profissional?
O plano inicial sempre passou pela Engenharia, talvez influenciado, ainda que de forma involuntária, pelo facto de ter um pai Engenheiro, alguém que, apesar disso, nunca me pressionou nem tentou moldar o meu percurso.
A escolha pela Engenharia Electrotécnica surgiu porque, na altura, uma das possíveis especializações futuras era Automação e Robótica, área que me despertava bastante interesse. Acabei, no entanto, por seguir outro caminho dentro do curso, optando pelo mestrado em Energia, uma das restantes áreas de especialização.


Foste, juntamente com a tua equipa da Universidade do Porto, Campeão Nacional Universitário de andebol de praia, pela terceira vez. Como é que o andebol entrou na tua vida?
Entrou de forma muito natural. Tinha nove ou dez anos e o meu melhor amigo tinha os dois irmãos mais velhos a praticar a modalidade num clube local, o Académico Futebol Clube. Assim que ele e outro grande amigo que tínhamos em comum começaram a treinar lá, acabei por me juntar a eles, e fiquei imediatamente apaixonado.

Como é conciliar um curso de Engenharia na FEUP com uma carreira no andebol? Sentes que há Engenharia a influenciar a forma como lideras a tua equipa?
Vou falar do ano passado, pois este ano, durante o primeiro semestre estive de Erasmus, o que me obrigou a parar a prática desportiva. No segundo semestre estagiei a tempo inteiro enquanto desenvolvia a minha dissertação de mestrado na REN.

Acima de tudo, tive de aprimorar a minha organização e gestão de tempo, já que treinávamos quatro dias por semana e eu ainda procurava ir ao ginásio antes do treino ou durante a manhã, antes das aulas. Foi desafiante, mas acabou por me obrigar a aproveitar ao máximo os momentos que tinha para estudar, desde as viagens de autocarro até Lisboa, quando lá jogávamos, com o computador aberto, até alguns dias em que abdiquei de algumas horas de sono. No final da época, tanto desportiva como de exames, vale sempre a pena.
Acredito que a Engenharia me proporcionou uma forma muito prática de abordar problemas, especialmente no que diz respeito à sua resolução. Essa perspetiva, focada desde o início na implementação da solução, tem sido particularmente valiosa na liderança de equipas, permitindo-me orientar rapidamente a ação e tomar decisões eficazes.
Acredito que a Engenharia me proporcionou uma forma muito prática de abordar problemas
João Areias
Se tivesse que dar um conselho aos jovens engenheiros que queiram fazer desporto e estudar qual seria? Que skills devem ter para singrarem?
Acredito que o melhor conselho que posso dar é definirem, desde cedo, as vossas prioridades e, com base nessas prioridades, definir um plano semanal de tarefas. Foi essa estratégia que melhor resultou comigo. Ter um plano claro permitia-me manter o foco e evitava que perdesse demasiado tempo com atividades que não eram prioritárias, principalmente durante alturas mais stressantes como época de exames, ou maior intensidade de jogos/treinos.
Acredito que o melhor conselho que posso dar é definirem, desde cedo, as vossas prioridades
João Areias

As principais skills diria que são a gestão de tempo e capacidade de foco, pois com estas duas consegues não apenas garantir que tens tempo para tudo, mas também minimizar o tempo que precisas para as várias tarefas que tens ao longo dos teus dias/semanas, deixando mais tempo para atividades de lazer como estar com amigos/namorada.
És membro da Ordem dos Engenheiros. Como é que achas que a Ordem poderia ter um papel mais ativo para ajudar jovens como tu a alcançar os seus objetivos presentes e futuros?
Acredito que a Ordem dos Engenheiros pode ter um papel mais ativo junto dos jovens engenheiros, promovendo desde cedo oportunidades de contacto direto com o mercado de trabalho e com desafios reais da engenharia.
No meu percurso, a definição clara de objetivos e a organização semanal foram fundamentais para manter o foco, e creio que muitos jovens beneficiariam de iniciativas que os ajudem a desenvolver estas competências transversais.

A Ordem poderia, por exemplo, dinamizar programas de mentoria com profissionais experientes, fomentar sessões práticas sobre gestão de tempo, liderança e adaptação ao mundo profissional, e criar mais oportunidades de envolvimento dos estudantes em projetos interdisciplinares. Um maior apoio na transição entre o meio académico e profissional seria, sem dúvida, uma mais-valia para ajudar jovens como eu a atingir os nossos objetivos presentes e futuros.
Desportivamente, gostava de conseguir levar a minha equipa de andebol de praia a competições internacionais. (...) Profissionalmente, como engenheiro, espero apenas estar à altura da enorme ambição que carrego
João Areias
Há futuro onde Há Engenheiros. Onde te vês profissionalmente e ao nível desportivo nos próximos tempos? Algum objetivo que gostarias de cumprir?
Desportivamente, gostava de conseguir levar a minha equipa de andebol de praia a competições internacionais. Relativamente ao andebol de pavilhão, não consigo, para já, definir objetivos concretos, uma vez que irei passar por uma mudança geográfica associada ao percurso profissional que pretendo seguir. No entanto, caso surja a oportunidade de continuar, espero manter-me a jogar numa divisão competitiva.
Profissionalmente, como engenheiro, espero apenas estar à altura da enorme ambição que carrego.
