O “Dia Regional Norte do Engenheiro 2014” – organizado pela Ordem dos Engenheiros Região Norte (OERN) realizado a 20 de setembro, no Vidago Palace Hotel – reuniu cerca de 300 profissionais das mais diversas áreas da engenharia. O evento deste ano contou com a presença do Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Angola, José Dias, que proferiu a conferência “Angola, Oportunidades e Engenharia”, dando a conhecer a realidade do país e as infraestruturas em desenvolvimento.
Nas suas intervenções o Presidente da OERN, Fernando de Almeida Santos, e o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, alertaram para a necessidade de voltar a incentivar os jovens portugueses a escolherem as áreas da engenharia.
O Presidente da Região Norte referiu que se se mantiver a baixa procura de cursos como a engenharia civil, Portugal começará a ter carências de profissionais a este nível, nos próximos cinco a seis anos, « passando de país exportador de engenheiros a importador »
Relativamente à desvalorização e diminuição do prestígio do Engenheiro e do seu reconhecimento pela sociedade, afirmou que ao nível do exercício da profissão “ a credibilização passa por dar dimensão política e institucional à intervenção da ordem”, relevando o exercício da profissão de engenheiro como motor de desenvolvimento e participando em antecipação em todos os processos de impacto para a sociedade.
A criação de um Sistema de Creditação do Engenheiro ao Longo da Vida, que fará com que a OE valha por si só como Associação Profissional e a internacionalização como oportunidade de valorização da classe, contribuirão também para a credibilização da Engenharia e dos Engenheiros.
O Dia Regional Norte do Engenheiro tem sido repetido com a respetiva periodicidade anual visando aproximar a Ordem dos Engenheiros dos seus membros, dos seus potenciais membros e da sociedade em geral. É uma cerimónia, de convívio, mas também de interação sobre a atualidade da Ordem e algumas das questões que mais têm vindo a afetar os engenheiros portugueses, reconhecendo ainda engenheiros que se têm destacado no âmbito da sua atividade profissional a nível nacional e internacional.
Este ano a OERN prestou homenagem aos Engenheiros António Adão da Fonseca, reconhecido sobretudo pelo seu trabalho em projetos como a Ponte Infante Dom Henrique, o edifício do Oceanário de Lisboa ou da Casa da Música ; Mesquita Machado, ex-Presidente da Câmara Municipal de Braga; Carlos Amorim Silva, principal responsável pela automatização das redes elétricas e de telecomunicações de Trás-os-Montes e Alto Douro; e Luís Teixeira Coutinho, responsável pelo desenvolvimento de portos e caminhos-de-ferro nas antigas colónias portuguesas, como Angola e Moçambique.
O dia foi ainda dedicado à Receção aos novos Membros da OERN, à outorga a membros seniores e à Distinção a Membros que completaram 10 e 25 anos de inscrição.
A cerimónia terminou com um jantar no Salão Nobre do Vidago Palace Hotel e animação com concerto dos Blind Zero.
Angola,Oportunidades e Engenharia
“O governo de Angola tem como objetivo principal, alavancar e desenvolver a economia com a sua diversificação, priorizando a reabilitação e a construção de infraestruturas básicas, para permitir a circulação de pessoas e bens como resultado do investimento privado na agricultura, agronegócios, industria e pescas, procurando reduzir a pobreza e assimetrias regionais».
Foi com esta afirmação que Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Angola, José Dias iniciou a sua apresentação, inserida na cerimónia do Dia Regional Norte do Engenheiro, em que deu a conhecer a realidade do país e as infraestruturas em desenvolvimento.
O Programa do governo angolano aponta como ponto chave, a reconstrução económica e social do país, a recuperação das infraestruturas, a construção de moradias, incluindo as redes de transportes e saneamento básico, as vias secundárias e terciárias, as infraestruturas de apoio ao meio rural e os equipamentos sociais.
De 2000 a 2011 o Governo angolano investiu em média 4.7 mil milhões de dólares, por ano, na reabilitação das infraestruturas :
- reabilitou 11 aeroportos e está em construção o novo aeroporto internacional de Luanda, com extensão de 1.324 hectares ;
- reconstruiu e construiu 400 pontes, 4.000 km de vias e 2000 km de linha férrea ;
- reabilitou barragens ( Mabubas, Gove, Matala,Lomaúm,Cambabe)
- reconstruiu e construiu cerca de 12.000 km de estradas asfaltadas, com isso, mais de 80% das capitais de províncias estão ligadas entre si ;
No sector eletrico tem em desenvolvimento fontes locais, tais como pequenas plantas de geração de energia eléctrica nas zonas rurais. Já no setor da água estabeleceu a construção de pequenos sistemas e pontos de abastecimentos água, saneamento comunitário nas áreas suburbanas e rurais.
O governo tem apostado também no investimento estrangeiro direto,por meio da Agência Nacional para investimento privado (ANIP).
Para o Bastonário da OE de Angola a reconstrução e expansão das infraestruturas do País e o crescimento urbano, assim como a aposta do governo na expansão do turismo constituem extraordinárias oportunidades para a engenharia, « pela necessidade de melhoramento de aeroportos, redes hoteleiras e outras infraestrutura turísticas ».
« A construção civil é um dos setores básicos para a reconstrução do país », finalizou.