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Entrevista a Fontaínhas Fernandes, reitor UTAD

04 de maio de 2020 | Geral
Ciclo de entrevistas exclusivas da Plataforma de Notícias da OERN (HaEngenharia.pt) aos reitores das Universidades, presidentes dos Institutos Politécnicos e  diretores das instituições de ensino de Engenharia.

 

 

António Fontaínhas Fernandes, Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)  e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas partilha connosco uma visão geral sobre o futuro e sobre o atual momento lembrando que "os profissionais de Engenharia vão ter um papel acrescido e vital para a valorização do país" e por isso apela a que "acreditem no futuro e na Engenharia”.

 

Para o Reitor da UTAD  "no cenário de pós pandemia é previsível que, dada a situação do país em termos de dívida pública, se avizinhem tempos difíceis nos próximos anos, com reflexos ao nível social, económico e financeiro. " mas não deixa de lembrar que "o prestígio alcançado pela Engenharia portuguesa nas últimas décadas e a dinâmica continuada permitem, seguramente, cimentar a certeza do seu valor económico e social para o futuro do território e do país."

 

 

Como vê os projetos que as Universidades e Politécnicos estão a desenvolver em grande escala para combater a Covid-19?

As Universidades, num primeiro momento, disponibilizaram equipamentos e material de proteção para fins médicos, bem como instalações para apoiar no combate à COVID-19. Em paralelo, as unidades de investigação têm vindo a realizar testes de diagnóstico da COVID-19 de forma a aumentar a capacidade de testagem nas áreas geográficas onde estão situadas, mas também novas soluções que exigem tecnologia e inovação. A UTAD tem apoiado diversas iniciativas em articulação com as autoridades de saúde local e governamentais visando a proteção da comunidade, disponibilizando por exemplo ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro equipamentos e materiais com finalidades médicas, um espaço para acomodar um Centro de Acolhimento Temporário para idosos provenientes dos lares. Por outro lado, integra uma rede cientifica com diversas instituições que estão a desenvolver testes à COVID-19. Adicionalmente, a UTAD está a dinamizar uma campanha de mobilização de voluntários de estudantes na área da Saúde.

 

 

Há uma exigência extra para os engenheiros, dos quais se espera proatividade e soluções para ajudar a combater o vírus?

Os profissionais de Engenharia têm vindo a desempenhar um papel interventivo no desenvolvimento de soluções, designadamente na produção de ventiladores, de viseiras, entre muitos outros produtos, alguns dos quais estão em fase de conceção e de testagem.

 

 

Espera que os seus atuais e antigos alunos possam fazer a diferença?

Os estudantes de Engenharia da UTAD desenvolveram as suas competências num campus que inclui todas as áreas de formação, o que indubitavelmente potencia a multidisciplinariedade. Este conceito é determinante para o desenvolvimento de novas ideias, novos produtos, serviços e processos, gerando benefícios ao nível económico e social.

 

 

 

 

 

Em que áreas da Engenharia prevê uma maior atividade no pós pandemia? Quais  podem ter uma janela de oportunidade no final desta crise?

No cenário de pós pandemia é previsível que, dada a situação do país em termos de dívida pública, se avizinhem tempos difíceis nos próximos anos, com reflexos ao nível social, económico e financeiro. Neste contexto, os profissionais de Engenharia vão ter um papel acrescido e assumir um papel prioritário na produção de novos produtos, de tecnologias inovadoras e de novas ideias, vitais para a valorização do país.

 

 

 

 

 

 

 

As novas tecnologias e o ensino à distância provaram que há margem para outras formas de ensino que não o tradicional. Acredita que haverá uma mudança de paradigma na forma como o ensino é lecionado?

No atual cenário de pandemia, as instituições de ensino superior deram uma resposta rápida no desenvolvimento de estratégias de ensino à distância. Contudo, o futuro exige que as Universidades se preparem para os desafios societais. Por exemplo, a robotização e a inteligência artificial, conjuntamente com as rápidas mudanças tecnológicas, tanto ao nível dos produtos como dos processos, apelam a uma formação inicial avançada e, em função de uma permanente procura de novas competências, à educação ao longo da vida, no âmbito da qual ganham relevo novos formatos de formação contínua, de que se destaca, em especial, o ensino à distância, que recorre a modernas ferramentas tecnológicas.

 

 

 

 

 

 

Como espera que seja o retorno à normalidade numa instituição com milhares de alunos como a UTAD?

O retorno progressivo da dimensão presencial em todas as vertentes de atividade da Universidade deverá ser faseado, desde logo iniciando-se com o reforço do atendimento de alguns serviços, dos laboratórios de investigação e na prestação de serviços especializados. O processo de retorno à normalidade deverá ser planificado, participado e envolver o maior número de pessoas da comunidade académica, tendo em linha as orientações emanadas pelas autoridades competentes no combate à pandemia da Covid-19.

 

Como pode a Ordem dos Engenheiros ter um papel mais ativo e determinante no pós pandemia e no apoio aos seus membros.

A Ordem tem mantido um papel de proximidade e de apelo a todos os seus membros para que se mantenham ativos nas suas funções e assumam uma posição serena e responsável, contribuindo para que o país lide da melhor forma com a crise que agora se enfrenta. Deve no futuro manter esta proximidade com os engenheiros, de forma a avaliar as melhores iniciativas para manter a confiança na Engenharia portuguesa.

 

 

 

 

 

 

Pedia-lhe uma mensagem para todos os engenheiros e estudantes de Engenharia que irão ler esta entrevista.

Deixo uma mensagem de tranquilidade e de confiança e que, acima de tudo acreditem no futuro e na Engenharia. O futuro exige a consolidação de dinâmicas coletivas de abertura à sociedade, à inovação, de acesso à informação, de partilha de informação e de participação em redes de conhecimento internacionais, de forma a potenciar e a consolidar a marca Engenharia portuguesa. O prestígio alcançado pela Engenharia portuguesa nas últimas décadas e a dinâmica continuada permitem, seguramente, cimentar a certeza do seu valor económico e social para o futuro do território e do país.

 

 

 

 

 

 

Para fechar: Há Engenharia em tudo o que há? Comente.

A Engenharia ao longo do tempo tem vindo a afirmar-se no nosso pais e no mundo. Contudo, no Futuro, as questões do ensino, da investigação e da valorização do conhecimento na engenharia devem, cada vez mais, ser resolvidas, adotando metodologias sistémicas e transdisciplinares.

 

 

 

Ciclo de entrevistas exclusivas da Plataforma de Notícias da OERN (HaEngenharia.pt) aos reitores das Universidades, presidentes dos Institutos Politécnicos e  diretores das instituições de ensino de Engenharia.

 

 
#1 Entrevista João Falcão e Cunha, Director da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)
#2 Entrevista Pedro Arezes, Presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) 
#3 Entrevista João Rocha, Presidente do Politécnico do Porto

#4 Entrevista Fontaínhas Fernandes, Reitor da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

 

 

Entrevista e texto: Catarina Soutinho / Design gráfico: Melissa Costa

 

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