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Intervir no Porto é uma obra de relojoaria

20 de março de 2017 | Geral

Partindo da explicação da criação da marca Porto., Rui Moreira esteve na sede da OERN onde falou sobre uma cidade mundividente, onde os desafios se têm revelado autênticas oportunidades de desenvolvimento e onde os projetos se viram agora para a abertura à inovação.





Afinal, “como é que tudo isto começou?”. O presidente da Câmara Municipal do Porto esteve sempre certo da “necessidade imperiosa de construir uma marca” pois “a cidade é um produto”. “Todas as pessoas, do Porto ou de fora, começaram a aperceber-se que a construção de uma imagem contribui para a construção de uma marca desde que nós próprios a interiorizemos e a saibamos expandir e vender”, acredita Rui Moreira.


“A Universidade do Porto é o instrumento mais importante da cidade”


Para Rui Moreira, uma das grandes transformações da cidade está relacionada com a dinamização do tecido económico, “principalmente na grande fragilidade e grande oportunidade que começava a aparecer no Porto: as empresas startups que se dedicam à ciência e tecnologia”.


“Mais uma vez, a marca Porto. funcionou como âncora porque potenciou a capacidade das empresas que saíam das universidades de entrarem num mundo mais competitivo”, afirmou Rui Moreira que, mais à frente, definiu a Universidade do Porto como “o instrumento mais importante da cidade, é o fator de sucesso” e deu o exemplo da experiência com o wi-fi nos autocarros que “permitiu que a empresa se expandisse para Silicon Valley”.


Perante uma plateia de engenheiros, o autarca sublinhou, ainda, que “é nas engenharias que encontramos taxas de empregabilidade perto dos 100%”. E acrescentou: “a Universidade faz inovação, que é o que promove valor acrescentado, mas, ao mesmo tempo, forma aqueles que, no futuro, serão os cidadãos do Porto porque serão os que terão melhores condições para ficarem. E é muito importante na marca Porto também pela capacidade que tem de atrair estudantes estrangeiros, os nossos embaixadores lá fora”.




“Cada vez que temos que intervir, é uma obra de relojoaria”


Rui Moreira acredita que muitos dos desafios ainda por resolver no Porto advêm do sucesso. “Se a cidade continuasse a definhar, se não estivéssemos a fazer as obras de reabilitação do Bolhão, se não tivéssemos 37 gruas no espaço de um quilómetro, é evidente que teríamos menos trânsito”, lançou em jeito de provocação.


Para o presidente da Câmara, a pressão na cidade não resulta do turismo, mas de “haver mais atividade”. E aqui surge o problema que ocupou grande parte da sessão, mesmo durante o debate com o público: a mobilidade. Rui Moreira afirmou que “os investimentos na mobilidade demoram muito tempo. Não basta construir avenidas e nós nem temos onde as construir”.


“O Porto está todo construído”, continuou o responsável municipal, “e, cada vez que temos que intervir, é uma obra de relojoaria, em que o dono quer ter o relógio no pulso, mas não o quer avariado. Este é o grande desafio de gestão da cidade. Se houver alguma coisa que a tarde, a pessoa sente que está a perder oportunidades”.



No entanto, aos olhos do presidente da Câmara do Porto, Campanhã é, ainda, uma oportunidade a explorar, “que nos permite imaginar uma cidade com todo um novo tipo de atividades e nova indústria, de alta tecnologia, indústria 4.0, que vai precisar desses espaços recondicionados. Temos previstos para Campanhã dois polos industriais e de serviços muito importantes. Campanhã é a grande oportunidade que a cidade tem nessa matéria”.


Portagens na VCI e semáforos controlados pelos autocarros


Sobre mobilidade, Rui Moreira referiu, também, aquela que é a estrada do país com maior densidade de tráfego, a Via de Cintura Interna, afirmando que “não é verdade que a densidade seja necessária para a cidade porque uma enorme percentagem do trânsito é de atravessamento”.


Para o autarca, a solução da VCI terá que passar por pórticos” e a da restante mobilidade por fazer com que seja mais fácil andar a pé, de bicicleta, assim como resolver o transporte de crianças, causador de cerca de 30% do trânsito, e fazer as pessoas optarem por transportes públicos. “Estamos a pensar em sistemas de metrobus, em que é o autocarro que comanda a semaforização, fazendo com que o transporte público seja mais rápido, tenha menor custo de operação e seja mais competitivo em relação ao transporte individual”, adiantou o presidente da autarquia.




Reabilitar o centro histórico para atrair jovens


Durante o período de debate, foi ainda abordada a questão da reabilitação urbana. Rui Moreira adiantou que a Câmara está, neste momento “a discutir formas de alteração à lei” que não permite que a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) seja um instrumento municipal.


“27% da área do Porto está em Áreas de Reabilitação Urbanas (ARU), mas já temos capacidade para responder à maior parte das necessidades que existem, não acho que seja preciso criar uma ARU para cada uma destas áreas”, afirmou o autarca, crente de que “haverá um tempo que em a própria SRU terminará as suas funções, quando a zona histórica estiver toda ela reabilitada”.


A concluiu: “exercendo o direito de opção em transações imobiliárias no centro histórico e reabilitando alguns edifícios que são postos à venda, poderemos fazer alguma coisa” no que diz respeito à criação de habitação social e mesmo de habitação para arrendamento de longa duração, “a menos de 600€ por mês”, que é o que representaria a construção nova.


No final da sessão, o presidente anunciou que, este ano, será atribuída a Medalha da Cidade a Joaquim Sarmento, engenheiro de obra incontornável, que este completou 100 anos recentemente.


Vídeo da Sessão
(inicia à 1h30m) 


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